Reborboletando
 
Alpha, Gênesis, Reborboletando
 
Eu era dona daquele voo livre sem direções impostas.
Pousava em flores e folhas na hora que queria.
Minhas asas, de um colorido único, me destacavam na cena.
Roçava quintais, arava terras distantes e abrangia distâncias magníficas.
Não havia nada mais que ser, apenas ser.
Independente de variadas possibilidades, meu espaço não se limitava.
Como eram amplos os campos de trigais dos quais tomei posse!
Eram meus por poder, por eles estar pelo tempo que quisesse.
Não concebia então o que seria tempo.
Tempo era uma ideia que não estava dentro da minha compreensão.
Bem devagar senti que me transformava.
Revirava-me em pupa e era dourada.
Ser dourada me fazia ter um contentamento inédito.
Soube dela porque é preciso sê-la para saber.
Trocar a vasta paisagem por um negror tem algo que implica aventura.
Ali, sem ter o que fazer, enquanto eu era refeita, iniciei o pensamento.
Inaugurado o pensar, descobri a reflexão que me levou a deduções.
Estava em meio a diversos caminhos quando senti que sai dali.
Rastejei-me assustada sobre mim que rastejava sobre coisas.
Rastejar desencadeou em mim uma sequência lógica e complexa do que fui.
Não houve lamento por não ter tido entendimento anterior.
Como poderia sofrer pelo desconhecimento de que era órfã?
Depois de muito cansaço, rastejar cansa seja como for,
Mais uma etapa iniciou um processo de perfeição.
Dela me é impossível falar, já havia chegado ao sagrado,
Daquilo que não se sabe, pois não nos é dado saber.
Fiquei sendo ovo, a coisa que antecede a primeira.
E Já Nada Sei!

In Consumo Próprio - Reed.
Rose Stteffen
Enviado por Rose Stteffen em 20/02/2012
Código do texto: T3509270
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