Dou o que me corre pelas veias...

São para ti os meus desvelos, mesmos os tolos e insistentes cuidados, são a ti, todos dedicados...

Ainda que tenha nas mãos muitos outros motivos, e muitas outras razões para em versos e prosas discorrer...vôo sempre para a mesma inspiração...O que para muitos é louca piração; para mim, são essências, são vivências do meu coração, da minha razão e da minha emoção. E falar de amor ou de dedicação sempre há que se ter um modelo, uma experiência...mesmo que isso não dê muita audiência.

Muito se fala e muito se apregoa, sobre amor, sobre vida, mas quem vive com o dedo na ferida, quem conhece dessa bebida o gosto...exala pelos poros, pelas entranhas, tão natural quanto inspirar e manter dentro si o ar da vida, que a poucos convida...pois na mesma mesa não se assenta a vertente dos arrepios, e o fedor do sumarento...

São para ti os meus versos, os meus desconsolos, tanto quanto minhas vertigens, pelas piras acesas queimando em eternos altares, não pela eleita que em mim, se atende pelo nome de poesia...pela vaga que se circunscreve, nesse elo que rodeia nossa aura, branca e fria...

Antes da vida se instalar nesse corpo frágil...e nele tecer tesouros inconfessáveis...

arou e aplanou a essência, para que dela pudesse brotar a livre vivência ...a solta e sincera vontade...antes, bem antes se deu asas a secular imaginação; para que ao enfrentar a razão de perto...tivesse um mundo certo...e nos dias de aridez quando tudo me fosse deserto...bastasse-me, a própria insensatez...

Não dou o que não possuo...dou o que me corre pelas veias, a seiva preciosa, que bombeia vida...a mesma que verte abundante nas minhas palavras amorosas...

Dôo o que em mim aumenta, na proporção em que distribuo...e me faz celeiro de insofismáveis reservas...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 17/07/2005
Código do texto: T35175
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