Justo pelo calcanhar

Impressionante como as pessoas têm buscado achar o célebre Calcanhar de Aquiles nas outras, talvez com o intuito de se sentirem mais afiados, mais autoritários, como se estivessem com o controle remoto na mão, com a posse, achando o outro suscetível! Noto, ainda, que a maioria tem bastante dificuldade para praticá-lo, (in)felizmente, pois muitas vezes sequer desconfiam onde esse ponto delicado está até em si próprias, quem dirá em outrem! Muitas afirmam até que não possuem um. Parvoíce absoluta! Todos nós o possuímos!

Estou aprendendo, com o tempo e com muita autoanálise, a não me inquietar ao ser analisada, por ninguém, em nenhuma situação, pois notei que eu não possuo UM Calcanhar de Aquiles... Eu sou completamente calcanhar! Tudo em mim é frágil e sensível, e isso em vez de me fazer um ser preocupado em me defender me deu confiança e amparo naturais. Sinto-me capaz de agarrar as armas que me atiram e transformá-las em flores, que depois ofereço a quem mal me deseja (brando tormento)! É um dos benefícios de se autoanalisar, sem receio, sem parar... Com convicção, doeria bem mais sermos pegos de surpresa possuindo tendo feridas tocadas pelos dedos alheios, com tantos dedos cobertos de sujeira, correndo perigo de até contaminar. Prefiro eu própria, às vezes, me tocar toda. Tenho conhecimento de até onde posso ir e, sabendo disso, sei automaticamente, onde outrem, da mesma forma, pode. Tudo está ligado, justo pelo calcanhar, essa espécie de umbigo esquisito que nos (des)faz.

Tatiane Gorska
Enviado por Tatiane Gorska em 17/03/2012
Código do texto: T3559006
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