Sou Um Ser Dúbio

Onde mora o amor? Mora no corpo todo, mora na alma. Quando se ama, o corpo inteiro responde às emoções.

Meus olhos enxergam duas imagens: a imagem real, captada pela luz e interpretada pelo cérebro e a imagem do ser amado, marcada e perpetuada na memória.

Meu nariz sente o cheiro da cebola a fritar, do perfume do meu corpo. E também gravou o cheiro da pele do meu bem-amado, do sabonete usado pra o nosso banho a dois, quando suas mãos percorreram meu corpo a lavá-lo.

As minhas orelhas se enfeitam de brincos e os ouvidos ouvem a música, os pássaros, o som da chuva e dos carros. Ouvem também o suspiro prolongado do gozo, os gemidos de prazer, as palavras de amor que parecem ter ficado no passado, mas estão vivas numa dimensão presente.

Minha boca recebe o alimento e a bebida e sente o gosto gostoso do chocolate. Sente também o gosto do beijo eternizado na língua, nos dentes, na saliva e nos lábios.

Meu coração bate no compasso vital. Mas bate também no ritmo do amor, alimentando a saudade de você, a vontade de tê-lo novamente comigo.

As minhas mãos executam as atividades cotidianas, mas também se permitem uma pausa para escrever o nome do ser amado ou para sentir as suas vibrações.

Meu sexo menstrua e urina. Meu sexo tem gravado o contato íntimo, guarda nos recônditos das dobras um pouco de seu sêmen e de sua saliva, sente quando quer o contato da sua língua, dos seus dedos, do seu pênis.

Minhas pernas percorrem o espaço real, mas caminham como se o chão fosse feito de nuvens fofas e você estivesse sempre ali, à frente, a me esperar com os braços abertos.

Minha pele capta o calor, a brisa, as gotas de chuva e capta as energias do toque emitidas pelo bem amado e se arrepia em volúpia.

Meu corpo todo está amando, está apaixonado por você, ... . Estou no que a vida exige de mim, mas sou o amor e a paixão por você.

(Em 19/03/2005)