Onde quero morar

Minh´alma é passarinha e voa livre pois precisa da amplidão para aprender novos cantos...minh'alma é ave sem rumo, sem direção e sem fronteira, porque é ave inteira desde o gênesis...

Por onde passar há de ter um pouso, há de encontrar um renovo...não fará ninho, porque deseja sempre voltar, cativa ao peito que lhe guarda quente carinho...

O infinito me busca a alma menina, passarinha...que bebe na fonte dos olhos marejados de saudade, na saliva da boca que verte mel nas palavras...no néctar da vida que se esconde nas horas poucas e ansiosamente contadas...lá onde não se pode medir o tempo, onde nem o vento balança as palavras...onde a vida brota na essência e não se reparte em mazelas tolas...porque simplesmente é pura como deve ser a morada da verdadeira harmonia...

Minh'alma manchada de nódoas terrenas se isola na imensidão, onde só brisas passeiam...onde o nardo da existência , revela a face do universo...onde só o silêncio sabe onde encontrar os ungüentos...e o sussurro é a compreensão entre as que curam e as que buscam socorro, sem meias palavras, sem meios sentimentos...porque entre almas não se fala...se sente...

É no alívio dos se sabem pensos à matéria, mas soltos o suficiente para largarem a qualquer hora o invólucro pesado e voarem sem guias e sem travas pelos mistérios do só conhecido por poucos iniciados...é lá que se acha a magia e o refrigério, e é lá que minh'alma passarinha fez pouso e não tem pressa mais de voltar...

É lá onde a carícia se sente na pele...sem mãos...onde os olhos me adentram a retina sem invasão...onde se pousa com maciez e se sabe bem-vindo sempre...como da primeira vez...é lá...só lá que quero morar...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 19/07/2005
Código do texto: T35903
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2005. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.