Amor e o amor.

Me é um propício momento de falar do amor, um tal que parece maltratar tanta gente, que está na boca de toda a gente de que não estou certo se é o mesmo que experimento, ou por um acaso o amor dado aos poetas é diferente?

E veja esse pequeno momento, esse tingido de amor, apenas pequena parte da visão de Vênus, não como um todo! Perdoe-me oh Vênus por seu nome manchar; é do estupido veneno do exagero, é de Baco, o erro de Ítalo de quem falo. E talvez chore o jovem Eros no colo do Amor, ao ouvir tantos gritos e prantos de delírio de um amor imerso na não profundeza do desejo que pedem as células, o corpo e ao que a animalidade evoca a perder a alma humana? E de carne em carne tentar saciar uma infundada verdade, mergulhada no feitiço, a loucura da imagem! O teu corpo só fala, tão somente acha ser a alma! Confunde os sentidos e os sentimentos e não os fundem a modo que deveria ser, isso termina em dor e pronto ofendem o Amor.

E veja só, repetes o mesmo erro, desculpe, mas rio eu de sua situação, não por maldade ou gracejo cruel, por compaixão, risada fria e sem emoção que precede a palavra que desce como lâmina afiada e corta o teu coração para abrir teus olhos. Disseste amor e vi vontade, disseste saudade vi apenas de carne o desejo, disseste que estou errado, pobre alma, contudo isso tudo já vi e conheço bem o fim. Vi amor morrer em outro amor e se ferir em mais outro. Vi o afeto se fingir amor e se desequilibrar e furor de devaneio! Não quero só desejo! E chora o Cúpido, Eros do Amor.

Me sento e observo sobre o topo da colina a incapacidade que as pobres vítimas dessa era tem de compreender todos esses amores e ardores. E ouço a voz da deusa da poesia que nos abençoa de todas as paixões, do amores, as ideias e as carnes, não nos permeia mas cuida a manter nossos pés no chão. Do amor do poeta não vou agora falar, mas claro vou deixar que em minha mente vejo-no em pintura bela –quando corpo, mente e alma alcançam o limiar, o todo individual desaparece e o caminho a tornar-se um, em seu caminho encontras em fim o Amor. O caminho onde todo o poeta a todo momento sempre está.

Ariel Lira
Enviado por Ariel Lira em 09/04/2012
Reeditado em 27/10/2019
Código do texto: T3602359
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