O ATO FINAL

Enquanto uma multidão se aglomera e chora a morte de um ente- querido diante do túmulo 567 na quadra 27 do cemitério Municipal,

sem se importar com o que acontece a sua volta um homem executa seu trabalho, cumprindo mais uma rotina. O último tijolo lacra a derradeira janela para a vida, do túmulo da família, onde sonhos, esperanças e realizações foram sepultados com êle. Como toda estória da vida real o protagonista morre no final.

A escuridão envolve o interior da sepultura, onde o silêncio é mortal,

todos se foram para suas casas, os portões do cemitério também são

fechados, só o ruido do vento se faz ouvir, varrendo os restos de flores caidos no chão. As velas que ficaram acesas queimam até o fim enquanto outras são apagadas pelo vento.

Enquanto isso a vida fora do cemitério fervilha. A morte acolhe em seu reino mais um ser, cuja vida tem a promessa de eternidade.

Essa será a primeira noite de tenebrosa escuridão para o ser que sempre foi acostumado com muita luz. A pergunta que se faz é, haverá outro amanhecer para êle? O foi esse seu ato final?