Duas gotas de veneno

Às vezes, procuro ser uma máquina. Racional, tento basear meus atos em regras; convenções; e, raramente, em dogmas sociais estabelecidos.

Vale ressaltar, ironicamente, que esses acordos sociais dos quais falei parágrafo acima não coincidem, necessariamente, com os apontamentos relacionados a moral e/ou ética.

Sinceramente, poucos são os conceitos racionais que sigo e estão inseridos na convenção da maioria social, da democracia. Minhas idéias têm origem em comunidades mais restritas; marginalizadas e, por fazerem parte das minorias, discriminadas.

Sendo assim, diversas vezes, para a maioria da sociedade católica democrata, sou imoral. Com frequência pouco menor, amoral sou.

É meu tipo aquele que implode ao invés do reverso. Prefiro calar a falar verbos quaisquer. Não que seja tímido, mas introspecção é um bom substantivo para me adjetivar. Gosto de pensar ao menos uma vez antes de reverberar algo.

No entanto, quando estou entre amigos, faltam papas em minha língua. E, à medida que o álcool entorpece minhas células com hidroxilas, vou-me desprendendo desse policiamento e acabo em 'non sense' puro.

Acontece que, de uns tempos até hoje, tenho sentido necessidade de extravasar; gritar alto(a redundância que acaba de ler é proposital); sentir melhor a brisa do fim do dia; ouvir meu blues; deleitar meus tímpanos ao mesmo tempo em que minha mente decola.

O pôr-do-sol vermelho-alaranjado tem fascinado meus neurônios diapósdia.

A lua; imponente; dona da noite, que tanto amo; simplesmente convida/incita meu corpo ao prazer; às delícias que umas boas noitadas podem reservar.

Então, o questionamento óbvio encafifa a mente: ser racional ou institivo/emocional?

Deveras...

Não consigo responder o período acima.

Há momentos em que é melhor pensar bem, analisar friamente os dados coletados. No entanto, de quando em vez, jogar os dados pra o alto e pagar pra ver suas combinações excita o homem, excita-me.

E isso é viciante. Perigoso, mas intrigante, pois, tal prazer; tal descarga de adrenalina jogada no corpo pelo rápido pulsar da aorta; tal intenso e quente gozo é indescritível; inflamável e, logo após, logicamente, relaxante.