A agenda

Vasculhava meu armário quando encontrei uma antiga agenda.

Ao abri-la fui percebendo quantos amigos eu tive e, por descuido, fui deixando pelo caminho sem sequer ligar para um rápido alô!

Revi as datas de aniversário.

Sorri tristemente ao pensar que nenhum cartão fora enviado.

Pequenas coisas que agora percebia foram de grande importância em minha vida...

Folheando-a encontrava figurinhas de chicletes trocadas com aqueles amigos.

Bons tempos!

Tudo consistia em brincadeira e sonho.

Deparei-me com um hibisco, completamente seco, prensado entre as folhas daquela agenda.

A única prova concreta daquele amor do passado, dos beijos trocados, dos afagos apressados pelos corredores da escola...

Fechei a agenda.

Passei o elástico prendendo novamente suas folhas.

Amanhã, ligarei para eles, se ainda estiverem nos velhos números telefônicos desbotados pelo tempo.

Conversarei sobre amenidades e, quem sabe, reatar antigos laços.

Quanto ao amor do passado permanecerá como está.

Será eternamente como aquela linda flor desidratada.

Não temos mais chances, nossos destinos bifurcaram pelos caminhos do tempo implacável...