Vinte e sete de julho de dois mil e vinte e sete

“Quero antes o lirismo dos loucos

O lirismo dos bêbados

O lirismo difícil e pungente dos bêbados

O lirismo dos clowns de Shakespeare”

(Poética: Manuel Bandeira)

Vinte anos se passaram... Tudo por aqui é tão raro

Raro e comum, familiar e desconhecido

Ah! Como é bom vê-los chegando...

O lugar do início tendo-nos de volta.

Lugar de onde nunca devia ter saído, mas poucos ficaram

Outros foram e voltaram; saí pequeno, continuamos crescendo

O espaço crescendo, amigos chegando e o lugar se agita

Um brinde ao tão aguardado, enfim o “Encontro Marcado”!

Nessa praia doce a banda do Belo toca acordes inexequíveis

Ao violão, uma gaita ecoa; você é bem real e está ainda mais forte

Conheceu o mundo, quantos filhos têm, ganhou dinheiro na Bolsa?

Esqueça os valores; peça uma canção e conte-nos histórias.

Aquelas mesmas, velhas estórias conhecidas, por nós esquecidas...

... Depois peça um drink, outro... Cerveja fria e algo para beliscar

Tire os óculos, seus olhos parecem cansados para ver o pôr-do-sol

Busque seu casaco no carro, pois agora mesmo irá esfriar.

Você se lembra... Nunca faz frio nesse lugar!

Vamos para a areia, nos sentarmos à beira

Contemplaremos o céu, as estrelas e tossiremos a brisa

No ar nuvens se movem, achem um lugar para todos ficarmos juntos.

Depois que esse dia acabar ninguém tornará a ir embora

Pés na areia, cantaremos “Love me two times” noutra tarde ensolarada

Em êxtase, entorpecidos por lembranças, cairemos...

... Nas covas rasas que nós mesmos cavamos; e pelo mundo, esquecidos seremos.

Arranquem da memória todos os Marcios que há em nós!

Esquecer-nos-ão os Leandros, os Nilsons e Paulos, todos afoitos eram...

Somos os Eduardos dos nossos rostos, os Cláudios de julho e agosto

Sol nos ouvidos, pecados cometidos, desavenças insensatas, ardem...

... Na face, e o ateu piedoso se exalta à beira da enorme piscina

Azul, pálido, amarelo, grita impropérios, espirra e tosse desatinos

Vejo nuvens refletidas; todos, a sua volta, admiram sua interpretação

Enquanto o aplaudo ele me olha e diz: Deixe o copo e venha, vou te dar uma lição!

Só nossa terra aprova nossas loucuras, nossos desacatos, mordidas nos corações...

... Selvagens, nada nos convence de que somos nossas próprias frases, nossas línguas

Fases de aranha tecendo, se equilibrando entre invisíveis teias nítidas

E nelas, unidos permaneceremos cantando Whitman e celebrando a vida

Até o dia que, chega o trem na Estação Maiakóvski anunciando nossa partida.

*Sete homens e um encontro:

Eduardo, Cláudio, Cristiano, Leandro, Marcio, Nilson e Paulo.

*No dia 27/07/2027 haverá um encontro de amigos

Na praia de Miguelópolis SP.

Marciano James
Enviado por Marciano James em 30/04/2012
Reeditado em 19/11/2014
Código do texto: T3641485
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