Um brasileiro em Budapeste

“E a mulher amada, de quem eu já sorvera o leite

Me deu de beber a água

Que havia lavado sua blusa”

(Chico Buarque: Budapeste)

Neon; entro em “The Asshole” vejo anônimos felizes se embriagando, dançando...

... Tristes, cantando, repetindo gestos, pessoas desconhecidas, flertando

Taças de aguardente; todos ao redor daquela dançarina, amando-a

E contemplando-a me coloquei em suas mãos, aceitei-a; acendo um Fecske

Aceite-me; aqui em Pest margeei o Danúbio, já não há tempo para remorsos

Pensar em casa, felizes sem mim? Tirei a criança obesa do coração, estou leve

Deixei o amanhã reluzir, ouro e prata brilham tal qual o idioma de Kriska; sua língua, seu pescoço alvo como neve

Esta aqui vai para a mãe de meu filho, que deixei do outro lado do mundo, que amava...

... Esta aqui vai para aquela que eu abandonei num avião para Londres

Uma simples palavra para ocupar meu tempo; seu corpo branco, branco... Branco como a luz do dia!

Zsoze Kósta... Zsoze Kósta, sim! Esse é o meu nome desde que cheguei na Hungria

Esta aqui vai para aquela que eu amo: Aprendi a chegar em Újpest!

Descobri um jeito de fazê-la sorrir; tão bela, vivendo nesse lugar lúgubre, esquisito

Fora da mente, cavo um buraco e jogo nele palavras e verbos das quais não necessito

*Baseado em: Budapeste, romance de Chico Buarque (2003)

Marciano James
Enviado por Marciano James em 10/05/2012
Reeditado em 29/12/2020
Código do texto: T3659844
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