AMOR, VIDA E POESIA

Dizem por ai que a gente chora uma saudade, uma dor, uma falta...

A gente chora o rio seco que nos deixou as curvas que encantou um violeiro.

Choramos a vida que se foi e não sorrimos a vida que ficou. Diz a canção do tudo (talvez tão pouco) que se foi, do (pouco) que podia ter sido, mas também é cantiga o que (muito) pode ser. Choram os poetas suas estrelas mortas, choram os jardins queimados do inverno, outros tantos, porventura, dedilham sua almas entre as lágrimas e a esperança, nas poesias que encantam enquanto cantam um cem rumos esquecidos, um sol adormecido e uma lua emoldurada e pendurada nas paredes do esquecimento. Povoam subconscientes românticos, sonhos iluminados, desgraçadamente curtos, abreviados pelo medo, sonhos que ressurgem num amanhã desacreditado, sonhos que se dizem inválidos quando um grito qualquer, apocalipticamente enterram em si mesmo seus frutos ainda verdes. Dizem por ai que choram os meninos, tanto quanto correm pela volúpia, instintivamente correm pela vida. Já que na somos nós, a poesia de agora, que sejam os versos vindouros, a metamorfose lírica do choro em poesia.