'' A PROSA POÉTICA ...na realidade ''

....na realidade, na vida do dia a dia, a prosa, o papo, a palavra, é outra..bem outra, a ''poesia'' passa longe e fica bem diferente dos versos, solfejos, declamações, discursos..blas blas da vida...palavras soltas ao vento e que o vento mesmo se encarrega de levar ao longe, palavras que o eco eco eco teima em repetir...repetir...'' te amo....te amo..te amo '''

======VIDA.....VIDA...viver para aprender...alguns nascem sabendo, outros aprendem no curso da vida e alguns ''muitos '' nunca aprendem, nascem, crescem e morrem se saber o por que? ao mundo vieram, passam pela vida, vivem a vida sem saberem o '' sentido '' que a vida tem...( querem saber? tem horas que nem eu mesma mais sei e lembrando Rui...'''......o homem chega a ter vergonha de ser honesto ''

é ruim heim? =======

'' O meu apelido quando menina, moça , mulher, era Délia, agora que sou velha sou chamada de novo de Adélia, dona Adélia que do alto de seus oitenta e oito dizem que tem sabedoria...hummm!!! mas nem sempre foi assim...

As quatorze minha mãe me colocou para trabalhar de empregada de uma '' Madame da alta ''society'', e eu trabalhava para esta '' mulher '' que tinha uma casa enorme, de quatorze quartos, em uma parte nobre da cidade..casa grande para limpar, quando eu terminava a primeira parte tinha que tudo de novo começar...haviam outros empregados e empregadas mais velhos, de idade e de trabalho na casa, mas eles como mais velhos e espertos se aproveitam de mim, eu era franzina, timida, educada, calada, e tudo quieta aguentava, afinal o dinheiro fazia falta na minha casa, pobre e muitas bocas para comer, e eu como a mais velha sabia que tinha que ajudar e a danada da patrôa disso se aproveitava..dona Madame estava por volta de seus sessenta e nove, mas era forte como um touro, ativa, altiva, mandona, exigente, se fingia de educada mas era danada na lingua ferina, no trato com todos, os filhos casados moravam por perto e vinham sempre com os netos visitar a Madame que era viuva fazia já mais de vinte anos...acho que era por isso, pela falta '' daquilo '' do marido que ela era assim, mas os empregados mais velhos diziam que não, que ela sempre foi assim, desde moça rica que sempre foi...e eram festas, reuniões, sujeiras enormes, roupas e mais roupas para lavar e a casa limpar, quando os convidados,os filhos, noras e netos iam embora...virgem!!! era aquela trabalheira, e isto era toda semana.

E a Madame me elegeu como sua '' mucama branca '', minha pele era clara, cabelos castanhos e olhos esverdeados e a marvada me ensinou como se comportar junto 'a ela, receber visitas, sair com ela nas compras, mas me exigia calada, quieta , danada de quieta, eu não podia abrir a boca para nada...seguia feito cachorrinha e quando voltavamos para casa lá ia eu arrumar as coisas no lugar, limpar, varrer, escovar, trazer limonada gelada sem poder beber um gole...bebia escondida na cozinha e uma vez a marvada cozinheira viu e contou, levei gastigo, tive que lavar '' privadas'' até dos empregados que era para aprender a me comportar, exigia que eu passasse suas roupas engomadas, suas rendas e fitas sem uma ruga sequer, esfregava seus casacos tirando pelo de um marvado poodle branco que vivia no seu colo...e ele, o ''lindo'' cachorrinho vivia querendo me comer viva...tinha ciumes de sua dona e rosnava, e mordia mesmo, se dela eu me achegasse muito...marvado!!! mas foi ela quem o ensinou, ruindade dela...e pior, eu o levava para '' cagar e mijar '' lá fora e tinha que '' catar '' a merda que era para ninguem pisar...desaforo!!! e eu fui ficando triste, chateada...quase não sabia ler e escrever, aprendia nas noites, no meu quartinho e quando visitava minha mãe uma vêz por mês para levar o dinheiro ela notava, conversava comigo e dizia que eu deveria ter paciência...fui tendo...tendo...e assim cheguei aos meu lindo dezoito...lindo!!!!....no dia seguinte me rebelei, cheguei pra Madame e já fui falando....

"" Madame por que a senhora estes anos todos fez de mim uma mula de carga? por que? ""

Sua bôca abriu, seu queixo caiu e ela começou a chorar e dizer....""" Ohhh Délia...ohhh não, não...nunca isto fiz, nunca, voce é como uma filha para mim...e voce sabe Délia o quanto eu '' a amo '', minha filha amada....eu amo tanto voce, mas tanto que até doi...me diga tambem Délia querida que voce me ama tambem, pois afinal fui tão boa para voce estes anos todos...não fui?

"" Isto pode ser verdade para a senhora Madame, disse eu cortando a prosa na hora, isto pode ser até verdade...mas eu seria uma cachorra sarnenta vadia se eu isto falasse 'a senhora tambem..."" , não falei, jamais isto eu 'a ela falaria...jamais!!!

"" Catei "" minha pequena valise e dalí saí, virei minhas costas para aquela Madame das árabias, daquela casa enorme e de todo aquele pessoal que de'' boa prosa poética'' não tinha nada...

Procurei um trabalho e achei em uma pensão no centro da cidade perto da estação do trem que vinha da capital e ia para o interior e um dia veio no trem da '' esperança e da alegria '' um homem que na pensão se hospedou, por ele me apaixonei e ele por mim tambem, casei, me levou para a capital e depois para o interior e depois para o exterior, estudei, me formei, criei familia e quando ele comprou uma casa eu pedi...'' uma pequena, uma pequena '' e ele querendo saber do por que? eu tudo lhe contei...a primeira foi pequena, a segunda um pouco maior e a terceira maior ainda...mas eu nunca contratei ninguem para minha casa limpar...eu mesma sempre fiz tudo...fazia com gosto, com amor, afinal...ser domestica era comigo mesmo...agora sim estava feliz e estou até hoje.

Ensinei meus filhos e filhas '' assim que acordavam tinham que sua cama e quarto arrumar, deixar o banheiro limpo do jeito que tinha encontrado para o outro poder usar, tem que primeiro estudar, isto é fundamental, mas tem que saber fazer de tudo na casa, saber o trabalho que dá para dar o devido valor e tambem para depois '' solicitar '' para outros fazerem , se voce não sabe fazer, como quer o outros façam direito se nem voce mesmo sabe o que o ''direito'' é?

Amor, palavra cantada e contada em verso e prosa...amor divino amor...quanta coisa acontece neste vale de lágrimas chamado Terra em nome do amor...quanta coisa!!!

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AMELIA BELLA
Enviado por AMELIA BELLA em 17/05/2012
Reeditado em 24/07/2012
Código do texto: T3672858
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