Cidade dos mortos

Aguço meus ouvidos e meus olhos, busco encontrar ou ao menos compreender a vida moderna; os tiros, as tentativas ricochetearam e as esperanças fluem para fora através da ferida. O mundo perdeu a alma pura para a complexidade fria e polida; os sensos sendo trocados por técnicas que já não exigem o livre pensamento. Bem-aventurados os que ainda tem o livre arbítrio na alma, ou melhor dizer: aqueles que ainda tem alma. E essas paredes altas e cinzas só me presumem o vindouro fim, não bonito e menos glorioso. E afinal quem ainda se lembra do que é o pôr-do-sol?

Me disseram algo sobre evolução e realidade que agora aos meus olhos só se mostram o contrario, e evolução levando para baixo tudo o que realmente fora criado com árduo trabalho e a realidade não passa do pressuposto da morte. As velhas ruinas sendo buscadas e realçadas, é só o desejo oculto de saber que alguém acabou antes e que ainda estamos aqui e o pavor de saber que um dia os resquícios nossos também estarão por ali.

O que sinto são as mentiras correndo no ar, preenchendo o vazio no peito das pessoas que já estão com os corações silenciados pelo agora, banalidade ocupa o ócio e a paixão tão robusta se cobre dos desejos do corpo e da satisfação por todo o ‘ouro’. O cansaço me completa.

Fui beijado por ela, a sua sombra agora está sobre mim e não tenho sequer vontade de repensar e continuar, cai também eu, sob o controle dessa cidade, a cidade dos mortos deste mundo tão patético.

Ariel Lira
Enviado por Ariel Lira em 18/05/2012
Reeditado em 01/08/2012
Código do texto: T3674661
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