UM POEMA QUIETO
UM POEMA QUIETO
Eu queria fazer um poema quieto,
de pequenas dimensões
Que não arrastasse consigo todas as minhas emoções
Da espessura daquela linha tênue
que quase não mais avisto
Daquela linha que observa o eu e você
e depois traça o nós.
Mas não consigo...
Então jogo palavras ao vento desconhecido
Aquele que mora lá do outro lado
Do lado meu
Que se dá por vencido.
Suplico ao vento que controle sua força
Vigie a sua direção
Ajude-me a esquecer
Esvazie meu coração.
Enquanto isso...
Leio tudo quanto me vem à frente
Letras se escondem,
se vaidosa,
quero ler sua mente
Confesso que roubei uma bola de cristal
Queria saber se você é real
E se não lhe fosse machucar
Abriria com calma seu coração
Jogaria lá pétalas de rosas
Chamaria suavemente sua atenção
De um jeito todo meigo, dengosa
Mas enfim, não quero mais perguntas ou respostas
Quero dançar o som da minha música
Daquela canção que veio gravada no meu peito
Quando nasci assim ,
chorando meio sem jeito.
Chorei o grito de uma bela canção
Que dizia: deixa falar, deixa falar seu coração
Ali continha a única regra a seguir:
Ser feliz lá, acolá ou aqui
porque o tempo passa enquanto a coragem descansa
A vida dança enquanto a música pausa
Chega a tempestade enquanto se olha a janela
E viver passa de vida
a sentinela
Tenho palavras de amor e ternura fazendo cócegas em minhas mãos
Elas insistem em virar poema
Mas são tão puras, tão transparentes
e ao mesmo tempo tão cintilantes...
São as palavras mais belas e sublimes que já me habitaram,
que não quero fazê-las virar poema
Porque arrastarão consigo todas as minhas emoções
De um amor incondicional e pleno
pelo poeta das abstrações.