Se não estou no que escrevo, então estou tomada por algum ser sobrenatural.
Ainda não descobri em mim o dom de psicografar e nem fui diagnosticada em ter múltiplas personalidades.
Não escrevo diários, não gosto deles e ainda consigo me lembrar dos meus fatos, goste deles ou não.
Talvez sobreviva o bastante para começar a me esquecer de coisas relevantes e talvez passe a anotá-las.
Pego emprestado sentimentos dentro de supermercados, nas ruas e no meio deles me camuflo.
Vivo por empréstimo amores, ódios, sonhos, pesadelos, guerras, decepções, horrores, alegrias, tristezas e tudo que me chame à atenção, mas sempre com meu toque, minhas digitais presentes.
Não tenho inveja branca, azul e nem cor-de-rosa de quem consegue escrever tomado por sei lá o quê que não sejam eles mesmos, mesmo sabendo que são privilegiados, pois não doam nada de si mesmos, portanto, nada perdem - será que ganham? Também não quero saber mesmo.
Não tenho expectativas? Que absurdo débil! Se estivesse morta talvez nada esperasse, no entanto, durmo com um sonho lindo acreditando que a lua irradia prata e acordo com uma esperança danada de boa que os raios solares sejam de ouro.
Não quero o que quero? Só se vivesse babando uísque falsificado curtindo uma ressaca brava, com uma dor de cabeça que nem santo cura.
Há quem queira escrever meu roteiro... Uma piada previsível demais para que eu ria. Há também quem ouse determinar quais devem ser meus interesses e meus interessados.
Ando pelas estradas que quero e posso; aquelas que convêm a outros não me importam, eles que andem por onde querem que eu vá, já que é tão linda tal estrada e postura.
Não me apaixono, eu amo mesmo. Sei que sou condenada por isso; não é racional amar, é coisa de bicho unicelular, o que já é muito; unicelular é muito mesmo.
A paixão exige um esforço que não quero ter - preguiça mesmo. Haja paciência para paixões, temores, esperas, inquietudes e por lá vai...
Há na paixão um empreendimento de gigantescas energias temporárias. No amor não...
O amor se instala e fica, mesmo que bem escondido; é eterno, mesmo que nada terno.
Até é bom assumir que aqueles a quem amo nada possuem de apaixonante, ao contrário; a maioria é bem desprezível aos olhos repletos de cataratas e nem são de Iguaçu.
Amo cada ser que não consigo explicar nem para mim um só bom motivo para amá-los, mas os amo totalmente e não perco meus instantes querendo realmente entender-me.
Também é impossível negar as revoluções hormonais das quais não posso fugir, é quando por algum tempo caio na paixão, que pode durar uma boa meia hora ou no máximo um dia, nunca uma noite.
Traiçoeiros hormônios, porém necessários, me fazem perder energia, mas logo as recupero.
A verdade é que tenho sobrevivido por motivos tão certinhos e esperados que ficar enjoada nem me espanta mais, apenas me cansa.
Queria saber como se dá o poder de viajar sem sair do lugar e se transformar num robô.
Ouço com toda minha atenção uma pessoa se comportando como robô com coração pulsante.
Gostaria e muito saber como ela consegue tal fantástica proeza de sentir estando anestesiada.
Não acredito que tenha fórmulas, receitas, só que está lá, dentro de algum lugar do por acaso.
Sonhar, delirar, não mentir e nem fugir de que não sou feita de parafusos é difícil e sem graça, então opto pela simplicidade que sou uma coisa humana mesmo.
Eu costumo doer tanto que me invento para um amanhã que sempre fica para amanhã, que admito ser uma boa trapaça que faço comigo.
Tenho o hábito da alegria e dela nunca consegui escapar e nem quero, mesmo doendo.
Ainda que meu sorriso seja afronta aos grandes mestres que teimam em me cercar, eu sorrio e quero que eles se... sorriam(?).
A minha fase do “Dane-se” já aceitei que será uma constante, portanto, dane-se! (Legal pra kCT!).
Então eu rio para desaguar num mar de felicidades, mesmo com doses de dores insuperáveis.
Rose Stteffen
Enviado por Rose Stteffen em 13/06/2012
Reeditado em 14/06/2012
Código do texto: T3722963
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