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AS CORTINAS

As cortinas desceram de repente, e não houve nenhum som de aplausos. O que estava do lado de cá separou-se para sempre do que estava do lado de lá. As luzes da ribalta se queimaram, e eu fiquei no escuro. Da platéia, nenhum som. Nada. Então, decidi recomeçar a escrever a peça. E dirigir, e atuar. Mas ainda falta-me inspiração, que eu sei que chegará no momento certo, pois quem espera, quem busca, sempre alcança alguma resposta, nem que ela seja “Não, por aqui não dá; siga por outro caminho.” Mas quem fica esperando a peça começar novamente, sem esforçar-se para acender as luzes, sem convidar os outros atores e sem continuar a escrever o roteiro, só fica assim, como estou no momento: parada no meio de um palco escuro, sozinha, cortinas fechadas e nenhuma audiência. Talvez um pouco de música possa ajudar... novas cores... um pouco de riso. Alguns palhaços... alguém aí tem um realejo para emprestar-me?
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 15/06/2012
Reeditado em 16/06/2012
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