O CHORO

Chorei ontem em demasia:

um choro solto,

copioso de palavras

que me afligiam há séculos

Palavras de perdas,

palavras de ganhos,

palavras sem sentido nenhum

Não houve remédio

para parar esse choro em mim

Tive que conter os dentes,

apertar os lábios com força

para não acordar os que

dormiam perto de mim

A chuva, lá fora,

parecia fazer companhia

ao choro que de mim saía

© Fernando Tanajura