VALERAM OS ANOS!

Penso que valeram as máculas, as nódoas, as mágoas

Das veredas que olvidei, das camisas que vesti, lembro-me.

Sei, minhas incólumes maneiras de ser, que sofri!

Mas, sofrimento requer assaz sentimento

Traz rejuvenecimento da ressequida alma.

E sabes:

Alma de poeta é imortal... Será?

Ao menos, infinita. E disso, tenho ácida certeza.

Pudera condenar os anos a arfarem em conluio

Quisera contemplar os amanheceres sublimados

Penso nas prestimadas rosas do porão

Nas azinhagas percorridas e nos passos de camelo.

Não tenho de me queixar!

Tenho roxas e pardas rochas a rolar - com limo.

Pudera, nesta vida, ter menos riqueza de espírito

Mais ojerizas e menos avenidas ao inusitado

Ou pudera ingerir mais manhãs, com mel em cálice.

Pudera, quisera, devera; ora, sou o hoje amanhecido!

Turvo, parvo, cálido e límpido

Sou a ambiguidade e uma nação dentro de um peito

Asco nesse meu jeito.

O que se há de fazer?

Sou essência, sou muitos séculos de versos

E os anos meus caronas, tais gôndolas

Minhas sucumbências e minha vida.

Quando me deitarem a mortalha, haverei de estar mansinho.

Sei que sorri por anos, rangi por outros tantos

Pintei aquarelas, rabisquei-as!

Movi meus ponteiros, encavalei as horas

Gozei pelos átimos despidos e os encurralei.

Fui chocalho, fui menino, fui pigarro

Contudo, porquanto continuar versando, estarei semeando

E conquanto a dor não passe - e não há de passar - estarei vivendo.

Obrigado ao anos da minha vida!

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 21/06/2012
Reeditado em 02/10/2013
Código do texto: T3736122
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