FILOSOFIA DAS ESTAÇÕES

Este poema foi escrito por um dos meus netos, de 14 anos.

Não sofreu qualquer tipo de correcção.

É um mundo

no qual

nós vivemos em dor

e em paixão

o conforto nortenho

invade a nossa pele

e ficamos

mais velhos

morremos por dentro

por aqueles que nos veem,

morremos a sério

por aqueles cuja cegueira é enorme

depois renascemos

com o sol

a secar-nos as lágrimas

de saudade

aquilo mata-nos

e olhamos para trás

com a maior

tristeza

com aquilo destruído

como um sonho sonhado

que foi desfeito

naquele dia de chuva

em que criamos obras

como este poema

que ninguém

vai ler

a chuva abrigou-me

nas tempestades

de revolta sentida

em luto…

e quando estás

quase a morrer

tiras a tua

ultima gota

tão vermelha

e linda

nos meus olhos azuis e tristes

quase cegos

esse som é-me familiar

há chuva

e naqueles dias de lua;

deceção

é um grande deleite

mas também

é como comer silvas

com a minha boca que sangra

aquela viagem toda

até ao mundo dos mortos,

a dançar

com os esqueletos

e assim que chega

àquelas florestas

encontra os esquecidos

e tristes

entre os condenados

e praticamente mortos

há sempre uma vitória

a razão…….

uma historia

sobre o que se passou

o tolo

falou!

Vais-te perder

nestas montanhas geladas

e os lobos

vão-te comer

todos sofrem com isso

mas também

se enganam

a eles próprios

uma filosofia

não descoberta

e também

esmagada

mas também

nos encontrará

para sempre

mais cedo ou mais tarde

não tenho culpa

de teres pedido desculpa

tenho culpa

de teres culpa

ouviste as vozes dos outros

e não a da tua cabeça

e caíste

na tua sombra

mas depois chegas

à parte mais doce e jovem

que já não via há muito tempo

mas já não te perdes

encontraste-te

com aquilo que é pior para ti

e melhor para os outros

e na água viveste

será que sonhava

com as estrelas

porque tinha sono?

não !!!!!

descansado para sempre

e assim massacrado

e assim morto

pela minha espada

as vozes fluem-me na cabeça

e nela habitam e criam

uma atmosfera

perigosa

tão contagiante esta aura;

tão confortável;

tão compreensível

e tão complicada também

escolhe uma

e eu faço-te

compreender

esta filosofia

sem rima

sem cor

sem vida

sem superficialidade

Nuno Azevedo

2012

Maria Letra
Enviado por Maria Letra em 26/06/2012
Reeditado em 01/09/2012
Código do texto: T3746590
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