SABER CHORAR

VOU INDO PARA O QUE ME CONVÉM, COMEÇA A CHOVER FRACO, VOU INDO PARA ALHURES, A MINHA DECISÃO EM PRÍNCIPIO PARECE ERRADA, VOU INDO PARA O QUE ME CONVÉM, APERTO O PASSO A CHUVA JÁ ME FAZ MOLHAR E COMEÇO A SENTIR FRIO, VOU INDO PARA O QUE ME CONVÉM, PARO NO PONTO DE ÔNIBUS MEU ÚNICO ABRIGO, NO CAMINHO (POR QUE NÃO?), VÁRIAS PESSOAS JÁ ESTAVAM NO PONTO DE ÔNIBUS, ESPREMIDAS, MAS NÃO TINHA O QUE FAZER, SE TIRASSE O PÉ DO LUGAR QUE ESTAVA MOLHAVA AS COSTAS, ME ACOMODEI NO VÁCUO, OS CARROS IAM PASSANDO E CONSIGO CONTAR, CARROS, CARROS, CARROS, CADA CARRO UMA PESSOA QUE ERA O PRÓPRIO MOTORISTA - UMA MENINA BRADOU POXA PASSARAM DOIS ÔNIBUS NENHUM PAROU A ESSA HORA DEVERIA ESTÁ NO BAIRRO ITAUM - EU A OUVIR TUDO SILENCIOSAMENTE FRIORENTO POR DENTRO E POR FORA, JÁ MOLHAVA MEU PEITO, MINHAS ORELHAS E AS MÃOS, FOI QUANDO APONTEI O MEU OLHAR PARA A CHUVA QUE CAIA VERTICALMENTE NO REFLEXO FLUORESCENTE DA LUZ ARTIFICIALMENTE E REZEI A DEUS. - OBRIGADO PELA CHUVA QUE CAI - E A SEGUIR VEIO O ÔNIBUS QUE LEVOU TODO PESSOAL QUE SE ENCONTRAVA NO PONTO DE ÔNIBUS - FIQUEI ALGUNS MINUTOS NO PONTO E VEIO OUTRO ÕNIBUS QUE DEVIDO A CHUVA PARA SEM QUE EU DESE O SINAL, SINALIZEI PARA O MOTORISTA PARA QUE ELE SEGUISSE, JÁ QUE TINHA QUE IR AO LUGAR QUE ME CONVÉM, ME MOLHEI MAIS UM POUCO E CHEGUEI NO TEATRO DO SESC-JOINVILLE PARA ASSISTIR O MONÓLOGO DE JULIETA SOBRE O AMOR DE ROMEU E JULIETA. QUE POR SINAL É DE UMA COMPANHIA DE TEATRO DE PORTO ALEGRE.