Um vazio (cheio de ausência).

Não sei ao certo o porque mas o dia precisa de apenas uma razão para iludir a noite, a morte somente um motivo pra enganar a vida, a loucura somente uma existência para evocar os sentidos, e eu, de apenas uma rua de mão única, pra que eu não atravesse, pra que eu me perca. Me viro ao avesso, tento não pensar na lógica de tudo isso, mas é só me distrair e pronto, lá estou eu, me retorcendo pra descobrir porque é que consigo me perder num caminho único, imutável. Tem dias que me comparo com as pessoas, e ai chego a uma conclusão um tanto esclarecedora: tem gente que nunca vai, que fica e tem gente que nunca foi, porque não sabe o que é ir!

Eu e essa minha mania de ficar me comparando com o alheio. É incrível mas eu realmente não preciso de uma razão pra rir, mas pra chorar, não a razão que me faça; deve ter alguma coisa errada comigo, como é que alguém que não chora, nem de alegria, poder rir irracionalmente sem ter o mínimo de pudor.!? É agora que as outras pessoas entram na história, vejo que tem gente que morre de rir, tem também aquelas que sofrem sem morrer! Tem quem chore de rir mas tem quem chora sem saber porque.

Me questiono porque é que me cobro tanto, insisto em fazer sempre o caminho mais difícil, em cair rotineiramente no buraco mais fundo, em fazer da vida um postulado; mas aquelas pessoas, lembram? Aquelas com quem vivo me comparando, sim, elas me consolam, pois, só assim vejo: que tem gente sobrando, gente que vai, que fica, que se acomoda, se incomoda, tem quem finge, quem foge, quem grita sem ser ouvido, que sussurra em silêncio...tem quem dorme.....quem nasce e morre. E me pergunto: Tem gente, não tem? E descubro que no fundo não, ta tudo vazio e o que sobra é a ausência de sentidos (sem-sentido)....

Rafaela Rezende
Enviado por Rafaela Rezende em 11/02/2007
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