poesia da literatura

Poesia da Literatura

Porque eu sou assim, meu leme é movido pela revolução daqueles que roubaram dos deuses a prioridade dos meus temas.

Sem sua estampa em minhas velas o casco forte de minhas trovas guiou-me no descobrimento de meus mares.

Na força camoniana a homogeneidade do trovadorismo sucumbiu ao toque midiático do soneto ressurgindo os deuses e entronizando o homem avancei.

Sacudido por tempestades lancei velhas armações, abrindo mão do velho conceito para buscar em fontes gregas anteriormente abandonadas, contudo o anterior fundiu-se ao presente e com os ventos do Classicismo naveguei.

As ondas me fizeram adernar duvidei de minha constituição e destino se eterno ou efêmero e esbarrei em pérola de feitio disforme. Mas a dúvida não é eterna e os pêndulos não encantam para sempre e o ventos Elíseos e pastoris foram mais favoráveis que as amarras do Barroco, naveguei ...

Pseudo eram os nomes, os sentimentos, a natureza, a forma como se desenvolveu minha armação, da urbe fingiam-se pastores e os laços neoclássicos não se firmaram em mim.

Que os gregos me perdoem, eu queria sonhar e zarpei para o romântico mar, que meu passado, meu desespero e as lutas do povo me seduziram até que eu caí no abismo da realidade ou será o instinto de minha natureza determinista e animalesca.

Contudo quem pode duvidar do outro lado de cada palavra e esvaziar o símbolo que eles carregam? Eu também não e voltei a ser esse e alguma coisa a mais e as velas inflaram uma vez mais.

Com ventos de fora para dentro e de dentro para fora em direções contrárias no tempo futuro?

Refiz minhas trajetórias e busquei cada parte que já fui. Romântico, realista, doente entre a fé e a razão ou fugitivo campesino, curvado ao meu Deus ou ao meu eu.

Descobri que não naveguei pelas mesmas águas que tiveram o mesmo nome pois a sentença de Heráclito não foi revogada, afinal águas rápidas matérias residuais que contemporizei, naveguei e singrei o mar da literatura.