NAO SE DECLARE CURADO ASSIM...TAO RÁPIDO (ou AGOSTO,23)

Não há de ter sido de repente,mas, após meses,a graça daquele mundo de plena identificação e realização esvaíra-se da noite para o dia.

Virou fardo aquela comida, aquela música, aquela rede. A casa virou marasmo. Ser mulher. Persistir nos mesmos acertos. Acertar nas mesmas erratas...

Após a viuvez, em pleno agosto vinte e três. Cinco meses passaram-se desde que acreditou pela última vez, tal qual faz uma mulher que, fiel aa natureza passional, abdica do orgulho e tenta, derradeira, fazer com que o pior não aconteça. Sem êxito.

Como o cigarro do mundo, tragada até o filtro, tem a chance de sofrer direito, com decência. Encontra amigos que lhe apadrinhem a dor como se num encontro de Corações Quebrados Anônimos.

"Há 3 dias estou limpa de chorar e tenho ânimo pra fazer algo da vida." Aplausos.

Enfim, passado esse tempo , cujos pensamentos são a própria drogadiccção e o processo lento, gradual e cheio de auto-sabotagens (como creio serem a maioria dos processos), ela já consegue aparecer por aí sem definhar e já não pensa mais nisso com a frequência de outrora. Dizem que falou no assunto um par de vezes com muita placidez e elegância. E eu até opino,mesmo sem ter gabarito pra isso, que ela esteja em outro nível, evoluíra deveras.

"Não se declare curado assim...tão rápido" ela asserte em qualquer que seja o tema. Muito lúcida. Certo rancor, mas sem crueldade. Lúcida. Digna de mundos melhores - ainda em vida.

Juliana Santiago
Enviado por Juliana Santiago em 23/08/2012
Código do texto: T3845882
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