O mundo me entra pelas veias

Sem planos e sem nenhum compromisso com nada que não seja comigo mesma, guardo minhas palavras as vezes por muito dias, falo quando sinto vontade; não me preocupo em comparecer ou falar sem estar disposta, ou por um impulso forte. Solto a imaginação nos meus vôos, tenho a lua no vão da minha janela, tenho o chão salpicado das palavras que forro pra passear de mãos dadas com quem me sabe e me espera todos os dias.

Tenho os olhos brilhando na escuridão, cabelos esparramados e o corpo reclinado nos sonhos que quero sonhar, hoje, amanhã e enquanto puder.

Não me prendo à culpas e censuras, não economizo sentimentos. Não poso de santa em altar nenhum, assumo o meu profano e louvo o meu anjo; gosto de ambos; e para quem não gosta, lamento...

Me arrepiam cordas e traças, gosto de vento na cara, portas abertas e palavras soltas, gosto de ir e vir, e gosto de tudo que me lembra imensidão, profundidade, porque jamais vão me encontrar na superfície...

Sei do hoje o suficiente pra me encaixar nele, não me interesso pelo ontem, ou pelo amanhã, estou na UTI da minha vida, e dentro dela tenho tudo que quero pra usufruir a vida que me corre pelas veias...

...portas e peito aberto...essa sou eu, mas não pense que entra por aqui quem não for convidado ou por mim eleito...o mundo me entra pelas veias...mas minha aorta é seletiva...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 29/07/2005
Código do texto: T38613
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