Sou parte do espetáculo

Descortino a rua desse carnaval. Exatamente igual. Os felizes estão por aí, com sua felicidade que ator-doa, a quem doer, pó-voa de passos e de abraços. As cantigas da alegria antiga que en-contra eco em todos os cor-ações; pois os humanos h-unos em alegria e em dor querem se mostrar mais humanos, formam cordões e blocos e se agrupam como ma-nadas na savana que os hostiliza com calor e predação. O desenrolar da festa me pergunta quando vou sair? Vou, me asseguro, vou já; deixa descer o sol. E vou, tranqüilo, esperando encontrar em todos e em qualquer um a minha sorte.

Mais tarde serei ainda um com todos. A festa de rua já não é mais a mesma. Há gente que se destaca, mas o perfume está no ar. O calor ainda brota das pedras do piso e em breve começará o desfile. Estamos, de novo, unos, os olhos colados no espaço vazio que se encherá de emoções e de gente como nós. Artistas, todos artistas; é seguro que também faço parte do espetáculo.