ABANDONO

A pele na pele da transformação da chuva em suor do mar agridoce

Os olhos das folhas campestres que caíram nos meus pés de água salgada

Para navegarem num passado e presente interrompido de dias e horas contadas.

Velejei sozinha no céu acima dos mastros e lemes erguidos à grandiosidade azul

E voltei à ilha do sufoco escondido que desemboca no cais abandonado e marcado.

Atraquei o peito nú ao cartaz que anunciava o mar sereno, alaranjado e tardio

Mas as cordas soltaram-se e boiaram leves pela ondulação dos teus braços.

Afoguei-me na dor do teu corpo e remei ao abandono das tuas mãos paradisíacas.

Mónica Correia
Enviado por Mónica Correia em 20/02/2007
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