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OS QUE SE FORAM

 

Foram-se inumeráveis
os meus entes queridos;
e todos que se foram
são demais memoráveis.
 
Desde vultos históricos,
literários, artísticos,
até os meus mais íntimos,
que jamais se me apagam
da laje das relembranças.
 
Hoje, inusitadamente,
sem esforço me lembrei
do cigarro sempre aceso
nos bigodes de meu pai.
 
E, ainda, sem meio termo,
da casa-grande do sítio,
o altaneiro Camará.
 
Lembrei-me do carrinho
de madeira tosca,
que me descia ladeira
abaixo, lá do alto,
além dos tombos levados.
 
Lembrei-me da escolinha
do atual vilarejo Guaci,
que ficava por detrás
da ermidinha branca.
 
Nossa Senhora de Lurdes!
 
E as duas palmeiras
imperiais, imponentes
como tão altas e altivas,
no pórtico da ermidinha?
 
Mas o vulto mesmo
que mais me fustigou,
hoje em dia, a memória,
entre parentalha,
amigos e figuras afins,
além e aquém República?
 
Ah, foi o burro Caboclo
Chato, de meu pai,
o ente que me inunda
com mais ternura
as recordações do guri.
 
Pois os que se foram,
foram-se, já,
em boa paz.
 

Fort., 10/09/2012.
Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 10/09/2012
Código do texto: T3875392
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