Cinzas

Estive pensando nos dias que se foram.
Muita alegria esbanjada, como se as pessoas estivessem vivendo seus últimos momentos.
Muita loucura produzida, como se fosse necessária para descansar da “normalidade” de todos os dias.
Muita fantasia, e eu... travestida de palhaço. Acho que pude mesmo, parecer uma pessoa feliz, sem grilo nenhum, com enorme boca desenhada no rosto, prevalecendo sobre o vazio do olhar.
Descomunal o tamanho dos sapatos. Repousava o corpo, que o ano todo, se equilibra em frágeis pés de vidro.
...
Se eu pudesse fazer realidade algum desejo escondido, queria ser, por um dia, uma estrela e dominar, todas as paisagens do mundo.
...
Ao lado dos símbolos do meu cotidiano, meu tédio.
E os símbolos, sei lá de que, andaram fantasiados.
Já não é mais possível distinguir o que é máscara...

E como dizia a música:

Agora é cinza...
tudo acabado
e nada mais!