SEM DESTINO!
 
 
 
Saí bem cedo, sem destino traçado,
sem deixar bilhete a quem quer que fosse.

Saí sem carregar a incômoda e pesada bolsa a tiracolo,
sem a caixinha de
remédios diários
(que não servem pra nada – é mais um hábito),
sem o celular,
tocando, insistentemente, em meus ouvidos,
sem responder meus recados
na secretária eletrônica,
sem pesar a segunda-feira, deixando para trás
o
domingo inócuo, de horas dormidas
e sem nada para fazer.

Saí assim...
Deixando o dia ensolarado de temperatura amena me levar.

Fugi, talvez, para pensar em mim, em meus anseios,
em minhas necessidades;

para fazer um balanço do quanto eu tenho me dado e do
quanto recebo, sem bem
que o lema da virtude maior é
“fazer o bem sem olhar a quem...”  - Não sou perfeita!

Saí por aí...
Sem lenço nem documento,
sem dores ou sofrimento,
sem tolher
meus passos.
Deixei-os livres para seguir por onde o destino os guia,

por onde melhor lhes aprouver,
pelos caminhos que bem escolher.

Saí, antes que a mesmice me sufoque
Antes que o galo cante,
Antes que o sino da capela toque.
Vou parar apenas quando o cansaço tornar-se insuportável.
Quando a sede requerer uma coca cola bem gelada.
Quando a saudade de minha casa bater forte
Quando a minha rotina tornar-se longínqua, quase um sonho...

Saí... Para pensar em tudo... Ou não pensar em nada!


(Milla Pereira)



* Este texto faz parte do Exercício Criativo (EC)
"Sem lenço nem documento"
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