Natureza viva
O vento entrou correndo e agitado e saiu dizendo à terra:
- Quisera ser a chuva, amada terra!
Virando-se ao céu e dirigindo-se ao vento, retruca a terra:
- O que dizes? Coisa estranha de pensar, querido vento! És livre, andas por onde queiras, nada te detem, contem ou cerca. O queres dizer?
Olhos marejados e com visível excitação, repara o vento:
- Quisera ser a chuva, amada terra! Quisera poder derramar-me em ti, inundar-te de minha essência, penetrar-te completamente de mim.
Olha a terra, impressionada:
- O que dizes?
Continua o Vento:
- Digo!! Inundar-te com minha essência, penetrar-te completamente! Ser tragado e absorvido por suas entranhas e fecundar um universo inteiro de nós dois! Quisera ser a chuva!
Impactada, completa a Terra:
-Não precisas, meu amado, já me fecundas com tuas palavras, teus pensamentos e teus olhares. Tu és todas as forças da natureza sobre mim. Leve e delicadamente estais em cada poro que me compõe, cada espaço entre cada grão de minha existência é você me preenchendo e me completando. Meu Imortal. Somos e sempre seremos Um!