Eita que dor safada! Dor de alma... Ela vem sem avisos nem alardes. Simplesmente se instala. Simplesmente domina e ocupa o peito e a alma. E lá vem aquela vontade de me encolher, de me isolar de todos até de mim, como se fosse possível estar e não estar. Virar feto na tentativa do útero materno livrar dessa treisteza tão triste que muda de nome, já tristeza é pouco para o tamanho.
    É uma dor pesada que faz a respiração encurtar, acelerar. Mas não queremos ajuda e a solidão torna-se vital. É como se estivéssemos expiando alguma culpa. Na verdade são ajuntamentos de dores que temos pela vida afora. Vamos engolindo uma frustração aqui, outra acolá e aí está formado o rio que começa a inundar o rosto permanentemente. Essas lágrimas são apenas sal, nada do doce das lágrimas de alegria. E correm e escorrem como se nunca acabassem. Na verdade é uma fonte inesgotável que procura expelir toda a dor acumulada por séculos.
   Se soubéssemos disso iríamos vomitando paulatinamente tudo que nos fizesse mal. Choraria normalmente aquela perda e logo estaria refeita. Aquela frustração que me fez perder aquela noite de sono, pela manhã já teria sumido e partiria limpa, livre e pronta para a vida. No entanto vou colecionando, sem saber que um dia minha alma se cansaria e expeliria tudo de uma vez
   Fico a me perguntar, será que existe um tempo para acabar? Será que veio para ficar?
   Cato dentro de mim as razões, tento me auto-analisar, mas me embaralho na quantidade de lixo que deixei entrar em minha alma. Agora só me resta resistir e aceitar. Deveria existir algo milagroso que fizesse parar. Quem sabe um afago, um beijo doce, um cheiro bem dado no cangote ou até uma lambida na alma tão triste e cansada.
   Como seria bom!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!