PRONTA PARA VOAR


O chamavam de amor, embora ele não conhecesse o verdadeiro amor. Ele era um coração livre na feira de pechinchas, uma rifa em cada barraca para rifar a casa vazia. Seu coração fazia eco, as perguntas da alma voltavam sem respostas, nada tinha para ofertar, nada aprendeu sobre o amor. A beleza aparente era vidro cortinado, uma visão parcial da vida.

Mesmo assim eu parei para observa-lo a distancia de um coração ferido. Minhas mãos apertava o peito sangrando, o meu coração ferido observava o coração rifado de um homem sem vida.

A distância de um coração ferido eu achei graça da sua desgraça humana e segui meu destino deixando marcas de sangue para serem seguidas. Quem sabe ele não necessite só de uma gota de minha bondade para reaver a vida naquele coração?

Com sede e fome ele veio em minha direção, mas não lambeu o sangue e nem comeu a presa, apenas olhou e caminhou lado a lado. Éramos parceiros de dor, sem conhecer o amor, sem saber ser feliz, sem ter a chance de viver a vida.

Eu não me incomodavam com as borboletas coloridas que ele atraia com o coração na mão. Eu não queria o coração vazio, a aparência dele me bastava para camufla minha luz. A dor me fez trevas, na sua companhia eu era só sombra. A casa vazia era abrigo de asas sem vida, quantas borboletas entraram neste coração e deixaram sós asas pelo chão. E eu ali caminhando lado a lado com um par de asas feridas sem coragem de encher a casa vazia.

Hoje a saudade me chamou para falar de você. De longe vi a casa vazia, o espetáculo continua com as borboletas coloridas que entram e não saem, e seu sorriso triste ecoando no coração sem vida. E eu aqui sozinha, com as asas curadas e prontas para voar.







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Simplesmente Sys
Enviado por Simplesmente Sys em 23/10/2012
Reeditado em 23/10/2012
Código do texto: T3947989
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