NA COLÓNIA DA LUZ

O tempo que Manuel passou no Pronto-Socorro deixou boas recordações e Lurdes sentia-se feliz pelo seu protegido ter desenvolvido o tratamento e aprendizagem com tanta determinação. De dia para dia as suas faculdades espirituais iam tomando corpo no seu espírito. Manuel estava bastante empenhado no desenvolvimento da sua espiritualidade. A todo o momento procurava meios de elevar-se.

Lurdes caminhava ligada nos seus pensamentos, saboreando um pôr-do-sol deslumbrante quando deu de caras com Manuel:

- Oh, Irmão Manuel, que bom vê-lo aqui neste lugar! Vinha tão concentrada em mim que só agora é que o vi.

- Eu sei. Eu via-a ao longe dirigir-se para aqui, mas não tive coragem de lhe afectar esse momento consigo própria. Ao mesmo tempo, também tive a oportunidade de visualizar tudo o que de bom tive neste lugar, graças ao coração bondoso de muitos irmãos, mas o maior agradecimento vai para a Irmã Lurdes. Nunca pensei que um dia poderia usufruir deste paraíso. Como tudo aqui é magnífico!

- Oh, Irmão Manuel, como me sinto feliz e gratificante por tudo o que aconteceu. Não me agradeça a mim, nem aos outros irmãos, mas sim a Deus, que é o responsável por todas estas maravilhas.

- Com certeza que lhe agradeço irmã. Eu que vivia na lama e agora vivo na luz, tenho mesmo muito que agradecer.

- Irmão, já que aqui estamos, tenho que falar com o meu amigo. Eu ia, daqui a pouco, ter consigo, para o informar que chegou a hora de partirmos.

- Já? Que pena! Isto aqui é tão sublime!

- Irmão Manuel, compreendo a sua capacidade de admirar a beleza e a paz que há aqui, mas como sabe há muitos outros planos espirituais sempre em evolução. Se aqui acha que temos toda essa espectacularidade de vida, nem imagina o que o espera.

- Sim, nem quero pensar agora em tal coisa. A Irmã Lurdes é que é a minha orientadora. Estou inteiramente ao seu dispor.

- O Irmão André está ao corrente de todo o seu processo e indicou-me que é a hora de irmos para a Colónia da Luz, onde vai passar algum tempo, antes de se dar início à preparação da sua reencarnação.

- Louvado seja Deus!...

- Irmão Manuel vá até aos seus aposentos, despeça-se que quem acha que se deve despedir, porque logo que comece a escurecer, vamos fazer a nossa viagem, pois o Irmão André já está à nossa espera.

A viagem iniciou-se em total concentração. Manuel seguia a Irmã Lurdes com toda a atenção e deslumbramento. Aquela irmã dava-lhe confiança e entusiasmo em atingir o que pudesse alcançar em cada dia. À medida que se deslocava pode verificar que tudo o que aparecia à sua volta era, cada vez menos denso, e a natureza mostrava-lhe árvores e flores nunca vistas, nem sequer na sua imaginação. Ao virar os olhos para o seu corpo ficou admirado com a luminosidade que o envolvia, numa cor tão branca e brilhante. Ao seu aperceber do que estava a passar chorou de alegria e o primeiro pensamento foi para Deus. Um agradecimento sentido a Deus por o ter resgatado e lhe dar as maravilhas que se avistavam num horizonte sem fim.

Daí a pouco desciam na grande praça central da Colónia da Luz, onde já os esperava o Irmão André. Manuel estava como que hipnotizado com tudo o que a sua vista alcançava. Ao se aproximar de André teve alguma dificuldade em lhe dirigir a palavra, tal era a distância de evolução espiritual que se achava dele. André captou o seu pensamento e com o seu habitual bondoso sorriso, disse-lhe: - Que é isso, Irmão Manuel! Para quê esse acanhamento? Bendito seja Deus que nos reuniu e nos deu a oportunidade de, em nome do seu filho Jesus Cristo, nos ajudarmos uns aos outros.

- Irmão André, o meu coração está a arder de felicidade e de agradecimento. Se estou aqui foi graças às vossas orações e boas obras. Em nome de Deus estou disposto a fazer tudo o que puder contribuir para a evolução do meu espírito.

- Eu sei, Irmão Manuel… e grandes realizações o esperam. Mas agora proponho-lhe uma visita à Colónia da Luz. Eu e a Irmã Lurdes vamos ser os seus guias.