A quem é Amor

Tentaram me matar. Me deram veneno. Me deram nome e regra. Me deram tato e parâmetro. Mas eu só sei que não tenho parâmetro. Que não tenho tal senso. Estou solto em mim, para estar no mundo. Volto a mim como um amante antigo sedento. Perdi o tom ao dizer de mim. Perdi o controle a justeza, o orgulho. Hoje sou fiel a mim. Estou feliz e estou com medo. Estou dormente, mas aceso. Ao que me acende. Tentaram me matar e eu não me importo. Me deram veneno. E dá vontade de chorar. Só porque tentaram me matar, ainda que eu esteja vivo. “Só não posso me calar”, digo a mim. Tenho medo da humilhação. Medo de ser criança. Medo de ser livre. Mas que mais posso ser senão livre? Ou nada sou. Deus está próximo quando durmo. Suspiro baixinho, bato de leve no meu peito e me dou a paz. Daí eu durmo. Me desejo sonhos com os anjos. Tentaram me matar mas eu não me importo. Acredito em anjo da guarda. Acredito no amor. Estou amando e estou com medo. Penso que penso demais. Portanto penso que não sei amar. Ou talvez não saiba cuidar do amor que cresce. Mas indiferente a tudo, não retruco o dito. O amor é livre. Cego não. Dá-se o que tem e recebe-se o que há. Não se pede, não se direciona. Se manipula é manipulação, não amor. Amor só pode ser o que não tem mácula no lado B. Além da ânsia, aquela dor incômoda, que chama saudade. Dor quase agradável, quando o amanhã reserva a face do amor a teus dedos fartos de energia. Energia de amor, que afaga, que alimenta e te alimenta. Como me alimenta. Tentaram me matar e eu só choro de felicidade. Porque estou vivo. Só me entristeço por não saber, no auge de minha soberba juvenil. Triste por não saber. Incapaz por não supor. Acho que sei sentir, mas não me contento. Quero ver. Porque não acredito em espíritos. Estou amando com tanta força que não posso te dizer. Não sei fazê-lo. Por isso sou tão complacente a tua liberdade digna. Livre meu amor, me dá o que tem. Não faz bem pedir demais. Você vai ver o tanto que posso aprender.