NO CAIS DO TEMPO
O mundo não espera,
Leva consigo.
Por trás de nós vem a juventude, sorrindo.
Todo querer escuta algo do tempo.
Por que, criança, você quer seu primeiro relógio?
O compasso da música basta para ouvir da vida seus momentos.
O horizonte ainda é onde não sei,
E quando pensar saber a noite chegou.
O mundo não guarda, pois o que foi dança em seu girar.
Como as folhas que não retornarão à árvore,
Causando o prazer em sua própria perdição...
Elas também fazem parte da cantiga, assim como nós.
E isso somos:
Sempre música,
Silenciar da ventania,
Barulho de trovão.
De tudo que passamos, não teremos passado tudo...
Apenas seremos passado.
Lá onde a roda teima em voltar sobre si,
Num movimento retilíneo avançaremos.
Porque não somos círculos, mas estradas que avançam.
Meu caro, navegamos numa nave chamada juventude
A viagem que cada um de nós é.
Um dia descobriremos, na visão do cais, um lugar para a baldeação.
Então entraremos noutra barca...
É, meu bom velho amigo...
Vamos, o mundo não espera!