Árido cansaço.

O cru.

O sem nada.

O total desprovimento do existir, mesmo que passageiro, era apetecido por aquela mente exaurida pelas atividades insensatas e que clamava pelo descanso sem julgamentos.

Tem horas que ser uma pedra seria mais vantajoso.

Pedras não sentem dor, não absorvem o alheio nem almejam o impossível.

Sem dor, não há lágrimas nem nariz obstruído.

Sem almejar o impossível, não se tem compulsão alimentar nem sonífera.

Não há angústia, nem alívio.

Há o nada.

O nada que parece no momento extremamente necessário.

Também seria como uma isenção de viver: mais tarde poderia se sentir tocada pelo desperdício do respirar.

Das palavras, o silêncio.

Do diminuto, o expandido.

Do espaçoso, o inexistente.

Da saudade, só o estrangulamento.

Meras nuances de transformações necessárias.

Sentir e agir não deveriam ser tão conflitantes.

Angela MT Melo
Enviado por Angela MT Melo em 04/12/2012
Reeditado em 05/12/2012
Código do texto: T4018699
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