Quando você partiu eu não estava preparada. Quando você se foi nada estava pronto. Mas, você partiu... E eu, eu... fiquei partida com tua partida a catar pedaços que não mais existiam. Decididamente não era chegada a hora. Quando se parte apaga-se o rastro e recolhe-se a sombra. Ficou esse silêncio criado com a ausência de tua fala, mas ficou o eco de tua voz. Ficou teu canto à mesa agora vago...vago...vago.
   Ficou aquela roupa lavada esquecida no armário, que nem pra cheirar serve. Escuto ainda aquela música tão exaustivamente tocada e que ainda toca...toca...toca.
  Ficou um pouco de ar que sobrou de teus pulmões e que procuro aspirar como para te ter um pouco dentro de mim.
   Na manhã que você partiu, anoiteceu. Catei pela casa alguma sobra que pudesse me servir de relíquia, mas em vão.
   Simplesmente você tinha se evaporado e maldosamente tomou o cuidado de recolher sombras, apagar restos e rastros.
   Mas, me diz, o que falo dessa fantasia de amante apaixonado que por tanto tempo usastes?