EU E O CANÁRIO!

EU E O CANÁRIO!

Moacir Silva Papacosta

Conheci um casal de canarinhos que me fez lembrar o nosso caso:

Certo dia estava sentado debaixo de uma frondosa figueira quando ali assentou um casal de canários, e muito felizes, começaram a se cortejar, gorjeando lindos hinos de amor... Meus olhos reluziram em assistir tamanho carinho entre os pássaros amantes.

Era frequente a vinda dos canários naquele local, e por ali permaneciam longas horas curtindo momentos de muita felicidade, sempre namorando e gorjeando lindos cantos. Pressenti que o amor dos canarinhos cresciam a cada dia...

Lembrei-me do início de uma grande paixão. Eu de cá e ela de lá, sentados frente ao PC proferíamos um ao outro lindas palavras... Tal qual adolescentes falávamos de amor vivido em planos passados e curtíamos com intensidade momentos inesquecíveis...

Eram poemas que iam, eram encantadoras mensagens que vinham... Arquitetávamos planos e mais planos para nosso futuro... Nosso amor crescia e sem dúvida alguma vivíamos momentos de rara beleza!

Para minha grande surpresa, num belo dia chegou ao mesmo lugar de sempre o canário desacompanhado de sua companheira.

Observei que o tom de seu cantar era deveras triste e enquanto gorjeava declinava a cabeça parecendo querer o canto da canária amada escutar...

Pulava inquieto de um galho para o outro sem cessar, o melancólico gorjeio persistia e minha alma sentia a dor do pássaro que certamente não sabia a razão do silêncio de sua companheira.

Cansado de esperar e já sem forçar para gorjear bateu asas e voou.

Retornou outras vezes e frustradas foram suas tentativas, desaparecendo, por fim do cenário...

Um belo dia enquanto eu escrevia um poema para minha musa, chega a canária e assenta em silêncio naquele lugar onde tantas vezes a vi tão lindamente gorjear ao lado do seu enamorado.

Parecia meditar e reviver tempos de felicidade ali vividos ao lado do canário cantador.

Senti um nó na garganta porque o mesmo aconteceu comigo.

Minha amada silenciou-se e sequer preocupou-se com a minha dor.

Esqueceu-se dos momentos felizes vividos... Não gorjeie, mas escrevi poemas e mais poemas atendendo o meu coração, mas foi tudo em vão...

Queria ter o canário aqui para lhe dizer que não está só em sua decepção... Queria ouvir o seu canto triste para me consolar e dizer que aqui tem um poeta magoado que seu exemplo seguirá...

Voarei para outros rumos a procura de outra que possa meus sonhos realizar enquanto isso deixarei a mulher que dizia eternamente me amar, a sua felicidade encontrar...

Moacir Silva Papacosta
Enviado por Moacir Silva Papacosta em 14/12/2012
Código do texto: T4035773
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.