ESPERANÇA

Lá bem no alto do décimo segundo andar do ano
vive uma louca chamada Esperança

E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!

Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...

E em torno dela indagará o povo:

— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?

E ela lhes dirá

(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)

Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:

— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...



Mário Quintana

Texto extraído do livro "Nova Antologia Poética",
Editora Globo - São Paulo, 1998.


Mário Quintana
Enviado por Wilson Madrid em 31/12/2012
Código do texto: T4061900
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