Segredos do vento

Naquele momento o vento fazia sua ronda, espalhando as folhas secas, sem cor.

Eles cansaram de ficar ouvindo o marulho das ondas que se chocavam nas pedras. Deixaram de observar os pássaros que em grande algazarra, buscavam alimento e puseram-se a caminhar - maneira encontrada para quebrar o silêncio angustiante que os torturava. Deixaram suas almas na praia. Em desencontro, simplesmente caminhavam na mudez de encruzilhada dos que não sabem o caminho a seguir, nau sem vela, nem mastro. Bem sabiam que era hora de perguntar se entendiam o mundo ao redor.

No entanto, permitiram-se crer e ouvir que além do horizonte, por detrás do sol, o vento da noite que se aproximava, soprava temas de melodias sentidas e vividas juntos, há muitas luas atrás. Perceberam que ainda podiam acreditar na reserva do amor que a vida lhes prometia trazer. O momento não permitia que o futuro fosse coisa do passado.

O segredo estava além do horizonte, por detrás do sol, no suave soprar do vento que lentamente agitava o cabelo dela, mostrando sua própria razão. Pois ele, o vento, tinha por missão espalhar folhas secas, sem cor e juntar os momentos da paixão.

Já não desejavam deixar aquela noite de sonhos se perder nos redemoinho do tempo, precisavam fazer soar a trombeta do desejo que desperta a libido e provar de novas sensações, permitir que suas existências sejam arejadas pelo vento, esse detentor de grandes segredos.

Laerte Creder Lopes
Enviado por Laerte Creder Lopes em 01/01/2013
Código do texto: T4062584
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