Indomável
O que escrevo vem de dentro. De um lugar inabitado. Diria até, inabitável. Por vezes sem nome. Por vezes tão raso quanto as águas de maré baixa. E ás vezes tão profundo como as ondas em alto mar. O que escrevo emerge assim, do nada, como um monstro interior pronto a devorar. E devoro. E acabo. E dissipo tudo o que há no mundo. Por segundos sou só eu. Inteiramente. Minimamente. Plenitude de sombras e arco-íris. Eu sempre quis ser cores e breu. Luzes de um coração incolor. Estilhaços de uma plenitude infinita. Traços de uma vida mais bonita. E ali, tão distante e ao mesmo tempo tão perto. É ali que tenho a certeza de estar no céu. É este o nome do lugar antes “não- nominável”. Este céu quase algoz de uma alma indomável.