Novelos da Vida
Dessas coisas que nos escapam enquanto absorvemos pó
Dessas coisas que nos sopram a face numa tarde de verão
Besta aragem nos tolhe aos poucos
Sem força a nos arrebatar, sem pêlo a nos enovelar
Novelos da vida!
Teríamos o aríete, a porta, mas não as lágrimas
Pareceríamos doses de destilado a nos abluir do medo
Enquanto, lá fora, ía uivando o urso de escamas.
Desprovida memória que entra na sala da dor
Povos em rebeldia
Que fina magia a nos abrandar pelos flancos
Meros enganos duma encíclica ao tempo
Somos potes de sórdidas canções, todas envolvidas
Que de tão heterogênea a mistura
Punge-nos em todos os sóis, com muitos sermões.
Juventude esgarçada, mor envergonhada
Dona da pele do cordeiro de listras
Por que temos a lima, se nos falta o esmalte?
A fé ao arremate
Somos fera em gaiola de vidro
Que de tão fininho, deita na brisa
Que de tão eloqüente, queima na brasa
Alimenta o penar, o pesar em marulho
O descer das escadas em inopioso silêncio.