Novelos da Vida

Dessas coisas que nos escapam enquanto absorvemos pó

Dessas coisas que nos sopram a face numa tarde de verão

Besta aragem nos tolhe aos poucos

Sem força a nos arrebatar, sem pêlo a nos enovelar

Novelos da vida!

Teríamos o aríete, a porta, mas não as lágrimas

Pareceríamos doses de destilado a nos abluir do medo

Enquanto, lá fora, ía uivando o urso de escamas.

Desprovida memória que entra na sala da dor

Povos em rebeldia

Que fina magia a nos abrandar pelos flancos

Meros enganos duma encíclica ao tempo

Somos potes de sórdidas canções, todas envolvidas

Que de tão heterogênea a mistura

Punge-nos em todos os sóis, com muitos sermões.

Juventude esgarçada, mor envergonhada

Dona da pele do cordeiro de listras

Por que temos a lima, se nos falta o esmalte?

A fé ao arremate

Somos fera em gaiola de vidro

Que de tão fininho, deita na brisa

Que de tão eloqüente, queima na brasa

Alimenta o penar, o pesar em marulho

O descer das escadas em inopioso silêncio.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 09/03/2007
Reeditado em 30/03/2007
Código do texto: T407020
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