MINHA DORINHA
Andava eu muito desligado, não tinha inspiração para cousa alguma. Certo dia, porém, apareceu-me DORA, - era assim o seu verdadeiro nome; pequenina, meiga, dócil, melindrosa e mais uma variedade de adjetivos que se pudesse dotar em uma simples criatura, por isso, achei por certo chamar-lhe "DORINHA".
Vi que, em poucos instantes, naquela apresentação estranha, Dorinha já fazia parte da minha vida. Tirou-me imediatamente da fossa, voltando eu a ter belas e bonitas palavras agasalhadoras.
Lembro-me bem das longas noites e curtos dias em que levamos a escrever um livro, frases por frases; palavras por palavras; letras por letras; acentos por acentos; até o término do livro. Circunstâncias porém, fizeram com que Dorinha partisse para lugares ignorados, não chegando mais a me ajudar na confecção deste outro livro, apenas me disse adeus e partiu...
- Adeus minha Dorinha!!!
P.S. = DORINHA foi uma linda máquina datilográfica que amei e possui por pouco tempo.
Laje, 22/outubro/1974 - Ba.
Do livro OUTRAS POESIAS.