UM LIMO, DOIS LADOS E TRÊS CORPOS A BAILAR
Sempre assim
Sempre quase tudo em mim e nada a sorver
Somente os ermos cantos, nobres e pobres
Que se elegem, escarnecem, que se desesperam.
Sempre assim
Com pétalas engraxadas na voz
Com lágrimas fritas no óleo da alma
A me entorpecer, a me enojar, a se rebelar.
Sempre assim
Nada mais em mim
Fel em profusão, realejos em relincho... uma ova, uma eclosão, um parto.
Mente assim
Que eu acredito em seu despetalar
Em nosso mais cego e amplo despertar
Que um dia, de aborrecimento, se fez inflar.
Ei-la a mim em fúfia noite
Não a fitava desde a badalada
Não achava que se fosse eternizar
Havia um limo, dois lados e três corpos a bailar.