UM LIMO, DOIS LADOS E TRÊS CORPOS A BAILAR

Sempre assim

Sempre quase tudo em mim e nada a sorver

Somente os ermos cantos, nobres e pobres

Que se elegem, escarnecem, que se desesperam.

Sempre assim

Com pétalas engraxadas na voz

Com lágrimas fritas no óleo da alma

A me entorpecer, a me enojar, a se rebelar.

Sempre assim

Nada mais em mim

Fel em profusão, realejos em relincho... uma ova, uma eclosão, um parto.

Mente assim

Que eu acredito em seu despetalar

Em nosso mais cego e amplo despertar

Que um dia, de aborrecimento, se fez inflar.

Ei-la a mim em fúfia noite

Não a fitava desde a badalada

Não achava que se fosse eternizar

Havia um limo, dois lados e três corpos a bailar.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 04/02/2013
Código do texto: T4122431
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