DESNUDANDO A ALMA!
 
 
Perdida no emaranhado de sonhos desconectados da noite mal dormida, eu sinto o tempo passar, sem condições de olhar, tal o gelo de minh’alma que cede às tentações do pranto que cai – em gotas espessas, migrando meus sentimentos mais escondidos. Quero sorrir e não posso, quero cantar, mas esqueci-me da letra daquela canção que me fazia tão bem! Saio à janela do sexto na dar e ensaio meu grito, mas ele não sai. Apenas a chuva que cai lá fora , mais uma vez...
 
Sou chão, sou estrela, sou céu, sou inferno. Sou inverno e verão! Sou luz que ilumina a chama que se apaga. Sou fogueira de vaidades, sou o âmago da necessidade... Eu sou o sonho incompleto e o pesadelo irrequieto. Sou a viagem interrompida, a paixão calada, o amor não correspondido. Sou fogo, sou água... Sou vida!
 
Tenho em mim a marca da insensatez e a cicatriz das dores que passei. Será que sou o que quero? Não sei... Resta-me a lembrança do que não fui e o arrependimento do que não fiz. As coisas que fiz - eu guardei na caixa de segredos, amarrada com a fita indestrutível, que são a remissão de meus pecados. E, se pequei, perdão não peço.
 
Rendo-me ao tempo, porque nada posso fazer para impedir que ele avance. Rendo-me aos desejos frustrantes de meu subconsciente, porque são tão vulneráveis que já não os detenho em minhas mãos. Sou frágil... Sou hóspede da nostalgia exagerada, quase uma hipocondríaca emocional. Sou negligente e obsessiva, o paradigma da incoerência.
 
 
 
(Milla Pereira)