Ao Longe

Longos são os caminhos que me levam para perto de quem tanto busco e quase nunca alcanço, quando penso ter encontrado o que nunca perdi, pelo simples fato de, talvez, nunca ter tido, mas sempre ter sido.

E tontos são os tantos ensejos, que tantas vezes me conduzem por esses desvarios sentimentais, onde minhas aliterações percorrem as veredas de minha mente aturdida por um turbilhão de emoções e sentimentos difusos.

Profano o que haveria de mais sagrado em meu segredo, desfeito pelo brilho de um olhar que não mais me pertence, quão belo e radiante se manifesta quando te mira, infinito vislumbre do paraíso, nirvana absoluto de toda a essência que me aflora na imperfeição de meu ser e que me consome na imensidão do que me absolve dos males efêmeros e me condena à prisão eterna dessa dependência incontida e quase desesperadora.

Aonde vou? Aonde eu iria? Que caminhos, por ti, eu ainda trilharia? E o tempo, que açoita as esperanças, é o mesmo que fortalece o que não me mata e me põe de pé a esperar na certeza do incerto que se manifesta num quando, que quase nunca chega. Num onde, que já não é lugar. Num por que, jamais respondido.

O quê de mim te pertence. E o que de mim não há é o que não sou, quando continuo sendo no que sinto e me transcende os limites inexistentes, que tentaram conter o que não tem mais cabimento.

Caminhos diversos, adversos. E tantos versos e tantas prosas, que não conto. As músicas que não canto. As contas, os cantos. Um amor maior me acompanha nesses passos que dou em direção ao que quero. Então... Pondero, espero, deturpo incessantemente os meus pensamentos. Vagueio por outras auroras, disperso as dúvidas e prossigo.

Querer ter o que sou, porque em mim habitas, é ter-te em completo esquecimento, porque és o que existe em mim e nesses caminhos que por ti me conduzem esses desejos, encontro o que nunca perco, mas que às vezes esqueço por não entender que não preciso percorrer tamanha distância para te encontrar.

Intermináveis horas estas em que te espero e não vens. E me deixas em desespero, em meio a tanta ansiedade, pagando o preço da pureza e, ainda assim, acreditando que, apesar de todas as contrariedades, é preciso continuar firme em meus propósitos e fazer valer o meu querer, que por ti é imenso, tanto ou mais do que eu penso, mesmo quando tudo o que posso fazer é te esperar, assim, ao longe...

August 17, 2006.

ENIGMA
Enviado por ENIGMA em 16/03/2007
Reeditado em 16/03/2013
Código do texto: T414349
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