A pomba azul

No amanhã no qual o mundo não acabou,

acordei e da minha janela olhei a imensidão.

Deparei-me numa manhã clara linda

com o vento norte prometendo frescor.

No horizonte o sol ainda espreguiçava-se.

Na minha rua os passos da esperança passavam:

uma criança feliz em pulinhos equilibrava-se no meio-fio

segurando a mão de uma doidivanas a caminho da escola.

Nos telhados corriam outras janelas que se abriam para o dia novo entrar.

Num flagrante de paz testemunhei uma moça donzela que conferia

o azul das penas de uma pomba que pousara no seu telhado.

Com ar de espanto constatou que eram tingidas.

Desiludida chorou e no desencanto do seu olhar crédulo

viu que o céu, onde mora o PAI também era azul.

Saiu de si como em oração e voou com as asas azuis da imaginação:

sentiu-se chegando mais perto de Deus

constatando que este azul sim, era todo real.

Manuel Oliveira

Manuel Oliveira
Enviado por Manuel Oliveira em 17/02/2013
Código do texto: T4145334
Classificação de conteúdo: seguro