PAI...
Em seu silêncio ouço uma voz que grita de medo, que pede ajuda, que se nega a morrer, que deseja desesperadamente viver.
Em seus olhos úmidos vejo um pedido mudo de socorro, de uma palavra de apoio, de carinho, de esperança.
Ao seu lado, inerte, sinto seu corpo rígido, pedindo um carinho, um aperto de mão, um abraço.
Mas, por que nada faço? Continuo ao seu lado, mas as palavras de carinho não saem, morrem na garganta, junto aos gestos contidos...
Como gostaria de quebrar esta barreira de silêncio, de inibição, de ausência!
Como gostaria de falar abertamente de meu medo de perdê-lo, de minha angústia por não poder arrancar de dentro do senhor esta doença que ameaça levá-lo para longe de nosso convívio!
Como queria pai, arrancar de seu peito este medo, esta dor silenciosa; como queria ser mais presente, mais amiga!