ENTORTANDO O PENSAMENTO
ENTORTANDO O PENSAMENTO
As vezes fico divagando
caminhando descalça sobre o sol
e sobre as tempestades
dessa minha desajuizada caixinha de pensar!
Ah pensar...
O que será isso?
Penso concreto no pneu do meu carro que preciso trocar
Penso no amor que não deveria ter morrido
Penso na dança dos tempos idos
Penso no encanto que tem a quina da pedra
que me fez aprender
Penso na maquiagem que se impõe aos egos...
Penso...
E aí começo a perseguir definições,
em busca de certezas que ainda não nasceram
e que por certo um dia nascerão...
mortas!
Nada é certo...
tudo é de mentira!
e nem a mentira é de verdade!
Sim!
Porque quando eu acredito na mentira
ela passa a ser verdade para mim,
e portanto deixa de ser mentira
e passa a ser a mentira de mentira...
que também não tem existência se eu
nela não acreditar...
Louca a expressão dos meus cabelos
que se seduzem pelo primeiro vento que passa
e me dimensiona em vários pontos do universo ao mesmo tempo!
Fios para esquerda, fios para a direita..
e o que será esquerda e direita?
Entre um e outro existe um vácuo...
Onde fica o meio entre a esquerda e direita?
Que pensamento torto terá fixado esse ponto de referência?
Cavalgando sobre o dorso das minhas indagações
digo:
Estou completamente envolVIDA!
E então penso:
Por que o verbo envolver traz na grafia a palavra vida?
E de novo viajo...
Faço êxodos em volta das minhas contradições
e de novo penso:
deve ser porque VIVER não é assistir,
é ENVOLVER-SE com a vida, estar envolVIDA...
Gargalho escancaradamente...
E volto
Volto a pensar...